A QUEDA DA PEC-37

Era previsível a queda da PEC 37 na Câmara dos Deputados, embora, a princípio, antes das manifestações das ruas, as expectativas se apoiavam na sua aprovação. A radical mudança no comportamento parlamentar, com 430 votos contra, nove a favor e duas abstenções, é uma inconteste afirmação do grito democrático da semana que abalou o Brasil, estabelecendo um temor e mudança no pensamento da Câmara. De tal maneira que os parlamentares surgiram em plenário como os manifestantes o fizeram nas ruas, com cartazes, com a diferença de que os deles foram bem impresso pela gráfica do Senado, com dizeres como “eu sou contra a PEC 37”. Coisa nenhuma. Eles foram à frente do plenário para assim serem fotografados, de sorte a não deixar dúvidas com relação aos seus posicionamentos, favoráveis aos protestos e contra o Projeto de Emenda Constitucional, que, se aprovado como antes se previa, seria um balsamo para os corruptos, que excluiriam o Ministério Público das investigações. Ganhou a democracia e o MP se engrandeceu por saber que o seu trabalho tem o apoio da população. As investigações criminais continuarão sendo feitas, agora, presume-se, com mais afinco, para devolver aos manifestantes o que eles exigiram em defesa do MP, que se tornou maior a partir da constituição de 1988. Uma batalha, apenas uma, foi vencida no Congresso. Outros parlamentares, como o surpreendente Renan Calheiros, presidente do Senado, que foi retirado da presidência quando a ocupou pela primeira vez por denuncias de receber dinheiro de empreiteira, pronunciou um longo discurso  apresentando diversas propostas entre as quais considerar o crime de corrupção hediondo. Esses primeiros fatos, primeiras respostas, demonstram, de forma cabal, que a democracia é forte quando  se pronuncia para não admitir que a cidadania seja desdenhada. Assim ocorreu, também, com a pronta reunião da presidente no Palácio do Planalto com governadores e prefeitos.