Baiano Ailton Aquino é indicado para se tornar o primeiro diretor negro do Banco Central

O baiano Ailton Aquino dos Santos, de 48 anos, está próximo de conquistar um marco histórico como a primeira pessoa negra a fazer parte da diretoria do Banco Central. Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Diretoria de Fiscalização do BC, Aquino teve seu nome aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado nesta terça-feira (4), com 24 votos favoráveis e apenas um contrário. A votação no Plenário do Senado está prevista ainda para hoje.

Com uma trajetória de 25 anos no Banco Central, onde atua como auditor-chefe, Ailton Aquino dos Santos nasceu em Jequié, no sudoeste baiano. Ele é formado em Direito pelo Centro Universitário do Distrito Federal (UDF) e possui pós-graduação em ciências contábeis pela Universidade do Estado da Bahia. Além disso, possui especializações em contabilidade internacional, engenharia econômica de negócios e direito público.

Durante a sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos, Aquino expressou otimismo em relação ao futuro da economia brasileira e destacou o início de um ciclo virtuoso. Ele citou as projeções atuais dos principais indicadores econômicos divulgadas pelo Boletim Focus, que apontam para um maior crescimento do PIB e queda da inflação neste ano. Para Aquino, tais estimativas refletem a confiança dos agentes econômicos e da população na gestão econômica do governo atual.

“Agradeço com especial apreço a confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Emociono-me especialmente por me lembrar de que, para chegar à condição de indicado a um cargo tão relevante, foram muitos obstáculos e desafios que um garoto negro, de família pobre, do interior da Bahia, teve que superar. Nesse contexto, considero muito importante agradecer aos meus familiares e professores”, disse. “Como Diretor empossado, poderei seguir contribuindo para o atingimento dos nobres objetivos do Banco Central, os quais contemplam, dentre outros: estabilidade de preço, estabilidade do sistema financeiro, suavização das flutuações do nível da atividade econômica e fomento ao pleno emprego”, completou o indicado.

O indicado para a diretoria do Banco Central também compartilhou os obstáculos que enfrentou ao longo de sua carreira, vindo de uma família pobre do interior da Bahia. Ele expressou gratidão pela indicação feita pelo presidente Lula e ressaltou o papel que desempenhará à frente da Diretoria de Fiscalização do Banco Central.

Caso a indicação de Ailton Aquino seja aprovada pelo Plenário do Senado, ele substituirá o diretor anterior, Paulo Sérgio Neves de Souza, indicado durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Sobre o seu papel à frente da diretoria, Ailton Aquino disse se tratar de um trabalho desafiador, mas salientou que precisa ser feito, pois, afinal, as crises financeiras custam “bilhões aos países”. Ele falou ainda da importância das ações da área para a macroeconomia, a estabilidade do sistema e também questões microeconômicas.

“É um trabalho desafiador supervisionar todo o universo de instituições bancárias e não bancárias em um país tão vasto e complexo como o nosso, mas é um trabalho fundamental. Crises financeiras custam bilhões aos PIBs dos países. Lembro-me da grande crise financeira internacional de 2008-2009. Além do custo econômico e financeiro, crises sistêmicas empobrecem e desorganizam a sociedade e abrem espaço inclusive para rupturas de natureza política e social. Fica claro que as autoridades reguladoras e supervisoras dos sistemas financeiros precisam se manter atualizadas, vigilantes e com plena capacidade de supervisionar o sistema financeiro”, afirmou.