CASO CLÁUDIA: SEIS POLICIAIS MILITARES SÃO DENUNCIADOS À JUSTIÇA

Seis policiais militares foram indiciados por fraude processual, após dois meses de investigações para apurar as circunstâncias da morte da auxiliar de serviços gerais Claudia Silva Ferreira, de 38 anos, em março último. Dois deles foram indiciados também por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar). Ambos participaram do confronto com bandidos da Favela da Congonha, em Madureira, durante o qual Claudia foi atingida por dois tiros. Quando os PMs tentaram socorrer a vítima, o porta-malas do carro se abriu, e o corpo dela foi arrastado por cerca de 300 metros no asfalto. Segundo nota da Polícia Civil, o laudo pericial mostrou que a vítima teria morrido menos de dez minutos após ser baleada, o que significa que ela já estava sem vida quando caiu do porta-malas.


Cena do crime alterada.


Todos os PMs indiciados são acusados de terem alterado a cena do crime, o que “impediu a realização da perícia de local”. Os policiais Rodrigo Medeiros Boaventura e Zaqueu de Jesus Pereira são os PMs indiciados também por homicídio culposo.

Em nota, a Polícia Civil disse que a forma como o corpo foi encaminhado à unidade de saúde não altera a investigação. Dessa forma, diz a nota, cabe à PM a responsabilidade administrativa e a apuração da conduta dos agentes. Na ocasião, o adolescente Willian dos Santos Possidônio também foi baleado e morreu no local. Ele tinha uma passagem pela polícia, por ato infracional análogo ao crime de associação para o tráfico. Com Willian, de acordo com a polícia, foi apreendida uma arma.

Foram indiciados ainda os policiais Gustavo Ribeiro Meirelles, Rodney Miguel Archanjo, Adir Serrano Machado e Alex Sandro da Silva Alves. O inquérito ficou pronto na sexta-feira passada e foi entregue ao Ministério Público pelo delegado titular da 29ª DP (Madureira), Carlos Henrique Machado. 

Também foi indiciado Ronald Felipe dos Santos, acusado de fazer parte do tráfico local e de tentativa de homicídio contra os PMs.

Claudia foi baleada no dia 16 de março. Em protesto contra a morte dela, moradores da Favela da Congonha fecharam a Avenida Ministro Edgard Romero, em Madureira. A cena do corpo de Claudia sendo arrastado foi registrada por um cinegrafista amador, na Estrada Intendente Magalhães.