COISAS QUE SÓ O SEXO VIRTUAL PODE (OU NÃO) FAZER POR VOCÊ

E eu, sedenta por sexo desde a última vez em que fui pedir um punhado de açúcar ao vizinho e acabei me perdendo por lá, dou aquela conferida na foto que, felizmente, não é apenas um pau. O pau erguido tem um dono – um belo dono, por sinal. Pele levemente queimada de sol, cabelos quase raspados, olhos esverdeados e um esboço de barba, aquela sujeirinha que geralmente faz dos homens perigosas tentações e que deixa aquele estrago vermelho no pescoço das mulheres depois de uma pegada mais forte.

Num primeiro momento, a palavra de ordem é abrir: abrir a janelinha pra iniciar um bate-papo, abrir um bom vinho pra curtir o clima, abrir o botão da calça do tal moreno com os dentes e, finalmente, abrir as pernas pro pau erguido dele. Mas aí vem a tal da razão, aquela velha conhecida que aparece nas horas em que a emoção perde as estribeiras e, sabiamente, do alto dos seus zilhões de anos de experiência, diz: segure a periquita na gaiola, amiga. Primeiro de tudo: a conversa ainda nem começou, e você já está pensando no cigarro que fumará depois do sexo. Segundo: um pau erguido não é nada sem atitude. Terceiro, e não menos importante: na internet todo mundo é lindo, feliz e cheio de amigos. Vida real é outra coisa, meu bem.
Nada como um choque de realidade para acalmar as expectativas. Passo a achar que, pela foto, ele é muito parecido com aquele ator global que vive tirando a camisa em tudo quanto é novela e que sempre come o elenco inteiro – mulher, homem, pônei, cinegrafista, caviar e um bom prato de arroz e feijão. De qualquer forma, mesmo sabendo que provavelmente ele é um fake, abro a janelinha. Vai que ele me conquista pelo papo? Começo com um “e aí, moreno, quer TC?”. Cinco minutos e nada. Desencano, entro num site de notícias qualquer e começo a ler sobre política internacional. Eis que a janelinha do bate-papo pisca.
Meu coração de iniciante na arte do sexo virtual dispara. Não abro o talk no mesmo instante – sigo aquela velha lógica adolescente de não responder rápido, só pro moreno achar que tenho mil pretendentes a uma foda virtual. Aproveito esse meio tempo pra colocar aquela lingerie vermelha que usei no dia dos namorados de 2010 – vai que rola uma cam? Um leve cheiro de bolor invade minhas narinas, afinal, a lingerie está engavetada há certo tempo, mas tudo bem. Enquanto não inventarem a transmissão de cheiro pela internet, posso até teclar cagando se eu quiser. Penteio o cabelo, tiro os óculos, arrumo os peitos dentro do sutiã. É minha primeira vez, há de ser especial.
 
Enfim, resolvo abrir a janelinha e… uma piroca gigantesca toma conta da minha tela. Assim mesmo, sem um carinho na nuca, sem beijinho no pescoço, sem uma dedada, sem sexo oral. E eu esperando que o papo esquentasse aos poucos, que fizéssemos uma sessãozinha de exibição pela cam pra aumentar a vontade, que marcássemos comer um bife ancho em algum restaurante da zona sul, que conversássemos sobre música, que começássemos a nos pegar no carro, que subíssemos e que, enfim, o *Moreno do pau erguido* entrasse de novo – dessa vez, em mim. Doce ilusão.
 
Deveras desapontada com a minha primeira vez, chego à conclusão de que sou muito vintage pra praticar sexo virtual. Não faço boquete via internet, não brinco com o mouse, não gemo ao pé do microfone do meu Dell, não cavalgo no cavalo de troia. Nem protegida pelo meu Avast.
Fonte: Casal Sem Vergonha