COLUNA: ARREPENDIMENTO?

Por Jailson Pinheiro*

Por que tememos o arrependimento? Por que resistimos em reconhecer que erramos? E por que é tão difícil assumir e confessar arrependimento?
Para refletirmos sobre estas questões quero inicialmente pontuar sobre uma grande ilusão compartilhada por muitas pessoas: Ela se chama Perfeição. Muitos são aqueles que perseguem, desejam e acreditam ser ou conseguir tornarem-se perfeitos.
Precisamos entender e compreender que somos seres evolutivos, não completos, não acabados, não perfeitos. Somos e estamos em processo de evolução. Significa que não podemos ser perfeitos, pois tudo que é perfeito é acabado, e como tal será ultrapassado.
Para ilustrar esta minha argumentação imagine um grande artista que finaliza uma grande obra. Muitos poderiam afirmar que este artista é perfeito. No entanto estariam cometendo um grande equívoco. O correto seria afirmar que a obra realizada por este artista é perfeita. Ele não. A obra esta acaba, finalizada, concluída e pronto. O artista não. O artista esta evoluindo. Certamente ele poderá realizar muitas outras obras após esta inclusive, até melhores. Ou seja, o artista aprendeu com a grande obra realizada. A obra não poderá evoluir. Apenas poderemos ter e dar várias interpretações para ela. No entanto ela não mudará.
É exatamente esta impossibilidade de mudar que defini a perfeição. Ela não pode mudar porque já esta perfeita. Isso não combina com nós, seres humanos. A nós não é permitido o acabamento, a conclusão, o fim. A nós é permitida a mudança, as possibilidades, as dúvidas, os acertos, os erros. A perfeição não pertence à espécie humana.
No entanto – enquanto seres humanos e imperfeitos – a nos é necessário à busca, o desejo, a perseguição e o alcance da Excelência. A perfeição não nos pertence. A excelência sim.
Por isso devemos realizar tudo que nos for permitido e atribuído com total excelência. Devemos ser excelentes filhos, pais, amigos, colegas, alunos, professores, funcionários, cidadãos, excelentes pessoas.
Após entendermos que não devemos nortear nossos atos mirando a perfeição e sim a excelência, quero tratar das indagações apresentadas no inicio deste texto sobre o arrependimento.
Assumindo que não somos perfeitos estaremos expondo que também somos passíveis de erros.  Aqui lembramos o velho ditado popular “Errar é humano”. Exatamente isso: O erro nos pertence. O erro faz parte do processo da evolução, da mudança, das possibilidades, do aprendizado.
Mais se errar é humano porque sofremos tanto quando cometemos um erro? Por que é tão difícil assumi-lo? E por que é dolorido o arrependimento?
Para entender estas dificuldades vamos rememorar nossa infância. Lembra quando cometíamos uma gafe, uma malcriação, uma desobediência, um erro? Tínhamos receio, ou melhor, medo em assumir nosso erro. E por quê? Por que aprendemos, fomos condicionados a entender que todo erro resultará em consequências negativas.
Desta forma crescemos interiorizando que o erro, juntamente com o arrependimento, nos trará danos, prejuízos, castigo, punição.
Enquanto crianças não fomos orientados a compreender que o erro também é uma possibilidade de acerto, de aprendermos algo. Apenas entendemos que não deveríamos errar. Neste momento a criança começa a assimilar que errar é feio, que errar não é permitido, que errar é errado.
Aqui relembramos o equívoco da perfeição. Se a criança não pode e não deve errar ela perceber que deveria ser perfeita. E se ao errar ela é punida, também compreende que não ser perfeita trará consequência indesejáveis para ela. A criança passa a ter vergonha de errar. Daqui em diante esta criança buscará algo que não a pertence: A perfeição. Nesta busca, incoerente, inevitavelmente ela cometerá erros. E irá se culpar por eles e se constrangerá ao se arrepender e arduamente assumirá seus erros, pois já sabe que resultará em castigo, em punição.
Então, compreendemos que a dificuldade que nós, seres humanos e imperfeitos, temos em solidificar um arrependimento deve-se a fortes influências que recebemos em nosso ardiloso processo de educação. Para nós arrepender-se é punir-se. Não fomos educados para o arrependimento e muito menos fomos delineados para perdoar e aprová-lo.
Desejo que possamos reavaliar nosso conceito em relação ao ato de errar, de se arrepender, de perdoar. Ao entender que não sou perfeito, que estou em evolução, compreenderei também que estarei passível de erro. E Se posso errar o outro também poderá. Assim aceitarei meu erro e compreenderei o erro do outro.
Arrependimento é exatamente a capacidade de compreender nossa condição de imperfeição. É ter a sensibilidade de reconhecer nossos erros. E é nos dar a oportunidade de aprender, de evoluir, de continuar vivendo. É aceitar que podemos sempre melhorar.
Um fraterno abraço e até o próximo texto.
  • Professor Jailson Pinheiro – Diretor Acadêmico da Sólida Gestão em Eventos Coorporativos; Consultor nas áreas de comunicação e imagem pessoal, comunicação empresarial. Colaborador de Portais de Comunicação no Brasil. Ministra cursos de Oratória, Gestão de Conflitos, Atendimento, Comunicação, Planejamento de Eventos, Relações Interpessoais, Liderança e Motivação para Instituições Públicas e Privadas. Leciona em cursos de graduação e pós-graduação disciplinas: Psicologia da Educação; Psicologia do Desenvolvimento, Analise do Discurso, Didática, Cultura e Diversidade, Metodologia no Ensino Superior I e II, Teoria da Comunicação, Técnicas de relações Públicas, Ética, Teoria da História entre outras. Mestre em Ciências da Educação e Doutorando pela UNINTER. Relações Públicas e Especialista em Docência Superior. Em 2008 seu curso de Oratória foi o único reconhecido fora do eixo Rio-São Paulo pela Editora OnLine.
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