EMANCIPAÇÃO VIOLENTOU IDENTIDADE CULTURAL PRESIDENTE TANCREDO NEVES – BAHIA.

A cidade comemorou no dia 24 de fevereiro, o 25º aniversáriode sua emancipação política com uma exposição de fotos dos seus 25 anos de história na Praça Wellington Nunes dos Santos – e questões históricas de relevo ainda em aberto, principalmente no que diz respeito ao seu nome. A população já assimilou a designação “Presidente Tancredo Neves”, imposta em 1989 ao lugar de Itabaína, mas o abandono das raízes não foi pacifico a época, (que antes chamar-se Tabuleiro de Liberina) e teria deixado seqüelas para o desenvolvimento da cidade por pelo menos 18 anos.

Logo na sua primeira eleição, feita às pressas para cumprir prazos legais da emancipação de um projeto de um vereador daquela época.

Etapa Nova

O desenvolvimento econômico dos últimos 15 anos trouxe para a cidade muita gente nova e mais preparada que não se integrou à população nativa. A cidade recebe cerca de cinqüenta novos habitantes todos os anos e já teria atingido cerca de 26 mil. O calculo parte do numero de pessoas atendidas no município por vários serviços sociais, levando-se em conta quatro pessoas por família, em média. Para o Intimus que identificava diferenças no nível de educação, no poder de compra e na cultura. O Intimus defende que os nativos devem buscar maior qualificação e noções de cidadania para recuperar os espaços perdidos nos últimos 15 anos. “A queixa que eu ouço nas ruas é que os naturais da terra não têm espaço na cidade”. Não se pode negar que a vinda de novos moradores teve aspectos positivos, tanto economicamente, trazendo comercio, indústria eum novo mercado consumidor, como social e urbano, mas isso também contribui para o aumento de violência e para desgaste do meio ambiente.

Falta aos recém chegados uma identidade afetiva com o lugar de Itabaína que motive a defesa da comunidade com um todo. Para quem chega agora, Presidente Tancredo Neves é um desconhecido que deu nome a uma espécie de extensão de Valença – e quando se descobre que o nome nada tem a ver com o lugar, maior é a certeza de que não há identidade local. As pessoas precisam de se sentir parte de uma cultura para que a defendam e promovam. Mas mesmo as novas gerações das famílias mais antigas de Itabaína desconhecem a sua origem cultural, deixando assim de ocupar um espaço que lhes pertence sem dúvida. 

Toponímia 

As seqüelas da alteração forçada do referencial de Itabaína ficam mais claras no déficit de integração das diversas comunidades. Para a população de Moenda e Corte de Pedra, por exemplo, “Presidente Tancredo Neves” designa somente o centro da cidade. Para as famílias mais tradicionais da Gendiba, o topônimo nada vale os mais antigos ainda dizem que vão “a Itabaína” – nome que aglutina as comunidades quando precisam se deslocar ao centro.

As raízes culturais cedem espaço ao interesse de mercado: os topônimos só se mantêm se forem marcas comerciais para o turismo, por exemplo. Parabêns Tabuleiro de Liberina, Itabaína, Presidente Tancredo Neves.


Carlus Silva – Presidente do Instituto Cultural Intimus