FAMÍLIA QUE INCITOU CRIANÇA A FURTAR CELULAR SE ENTREGA À POLÍCIA

Mãe, irmã e cunhado da menina se entregaram na 7ª Delegacia nesta manhã. De acordo com a polícia, o rapaz que aparece nas imagens é militar do Exército
A família da menina que furtou celular em uma lanchonete no bairro de Ondina se entregou para à polícia nesta segunda-feira (9). De acordo com a titular da 7ª Delegacia Territorial (DT/Rio Vermelho), Jussara Souza, a mãe, a irmã e o cunhado da garota, que aparecem nas imagens da câmera de segurança divulgadas pela reportagem do CORREIO, se apresentaram no local nesta manhã. Furto aconteceu no dia 1º deste mês em lanchonete na Ondina.  
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“Eles estão sendo ouvidos neste momento e devem responder à um inquérito regular”, disse a delegada Jussara. “Vamos comunicar o caso ao Ministério Público e ao Juizado da Infância e Juventude, que determinará o que vai acontecer com a menina, inclusive porque a mãe pode perder a guarda da criança”. 
Ainda de acordo com a polícia, o rapaz que aparece nas imagens orientando a menina de oito anos a pegar o celular de outro cliente da lanchonete é militar do Exército brasileiro. As imagens da câmera de segurança mostram uma família lanchando — um homem, uma mulher jovem, uma senhora e um casal de crianças.
A mãe, a irmã e o cunhado da garota podem ser autuados por furto qualificado e corrupção de menores. A assessoria do Ministério Público da Bahia confirmou que os pais podem perder a guarda da filha por incitarem o furto do aparelho telefônico. 
Em determinado momento, ao perceber um celular deixado em cima da mesa por outra família, o homem aponta para a menina o aparelho que estava esquecido. Em seguida, a garota pega o celular e todos saem do local.
“Eu gostaria que acontecesse justiça com o homem e as mulheres, e que eles paguem pelo que fizeram”, afirmou o professor de Educação Física Luciano Santos Silva. Segundo a delegada, os três adultos podem responder inquérito por corrupção de menor e furto qualificado. 
Ao ver as imagens, o coordenador executivo do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), Waldemar Oliveira, afirmou que o ato pode ser prejudicial para o desenvolvimento da  criança.
“Ela cometeu um ato ilícito, e deve ter sido elogiada como uma menina esperta por ter conseguido afanar o aparelho. Ela pode ter um desvio de conduta e achar normal pegar objetos que não pertencem a ela. É uma deformação moral e ética. Um ato condenável”, afirmou.
A cena inicial é de duas famílias em uma lanchonete. Enquanto a da garota termina seu lanche, a outra ainda escolhe os sanduíches. Ao se levantar para fazer o pedido, essa última família esquece um celular sobre uma das mesas. Quando retornam do balcão, preferem se sentar em outro local. E o celular fica dando ‘bobeira’.  
É aí que se inicia a cena em que uma criança é alfabetizada para o crime. O homem se levanta e fita o aparelho. Nervoso, senta-se novamente. Segundos depois, fala com a menina, dá instruções e aponta para o celular. A senhora parece incentivar. A criança sorri. Visivelmente constrangida, mas encorajada pelos adultos, levanta-se para cometer o delito.
Enquanto caminha em direção a outra mesa, ainda titubeia, olha para trás e para a outra família. Basta ela colocar o celular no bolso e todos rapidamente se levantam para ir embora. A aula acabou, mas imagine como será o dever de casa.   
Minutos depois, o dono do celular, que está acompanhado da mulher e da filha de 3 anos, dá por falta do objeto. Professor de Educação Física, Luciano Santos Silva, de 33 anos, solicita as imagens das câmeras de segurança ao gerente do estabelecimento. Luciano ficou chocado com o que viu. 
“Passei duas noites sem dormir. Não estou preocupado com o celular, mas com o futuro daquela criança. A gente que é pai fica muito triste. Para ela, fazer aquilo vai se tornar algo normal”, lamenta Luciano, que registou boletim de ocorrência pouco depois do crime. Pelo registro das gravações, o crime ocorreu por volta das 15h40.