GLOBO E FEDERAÇÃO PAULISTA FORAM ALERTADAS. O BOM SENSO JÁ ESTÁ CONVENCENDO JOGADORES DE TIMES MÉDIOS E PEQUENOS. A GREVE NUNCA ESTEVE TÃO PERTO. GRAÇAS À INVASÃO DOS VÂNDALOS E, PRINCIPALMENTE, À OMISSÃO DA DIRETORIA DO CORINTHIANS…

1futurapress2 Globo e Federação Paulista foram alertadas. O Bom Senso já está convencendo jogadores de times médios e pequenos. A greve nunca esteve tão perto. Graças à invasão dos vândalos e, principalmente, à omissão da diretoria do Corinthians...


A Globo, a Bandeirantes e a FPF se preparam. Não vão ser pegas de surpresa com uma greve de jogadores. A certeza do que está para acontecer chegou ontem. A mensagem que os poderosos temiam veio de Campinas.
O goleiro Roberto da Ponte Preta deu o aviso. Revelou o que os líderes do Bom Senso combinaram. Os jogadores do Campeonato Paulista perderam o medo.
Serão solidários ao elenco corintiano. À estúpida invasão de torcedores e vândalos no sábado. E, principalmente, à omissão da diretoria do Parque São Jorge. Eles esperaram a atitude da direção do clube. Mas Mario Gobbi mostrou o quanto o Corinthians é compromissado. E não quer conflito com suas organizadas. 

Não pode romper definitivamente com elas. Fazer algo parecido com o que faz a direção do Cruzeiro. Sua uma hora de discurso vazio no Parque São Jorge foi lamentável. Apenas irritou ainda mais os líderes do Bom Senso. Os levou à conclusão de que precisam tomar uma atitude. E ela virá. “Estamos nos organizando para fazermos alguma coisa na quarta ou no domingo, amparados pela lei, para não prejudicar ninguém. Quando atingirmos o amparo legal, pode ter certeza que vai acontecer. Precisamos unir o maior número possível de gente, para fazer uma questão também que não vá deixar ninguém desamparado. Ou pune todo mundo, porque falam até da exclusão das equipes. Então que exclua os 20 times.” A garantia é de Roberto. Corrigindo um erro primário, o Bom Senso ampliou seus líderes. Não adiantaria manter apenas os jogadores de grandes times. Paulo André, Dida, Jefferson, Rogério Ceni têm visibilidade. Mas sem o apoio de atletas de equipes médias e pequenas nada aconteceria. Os presidentes dos clubes grandes paulistas já sabem. Não há como conter os atletas se partirem para a greve. O problema é dos jogadores de times pequenos. Os atletas que atuam nos vários clubes de aluguel no Paulista. Onde os presidentes são mais poderosos. E o medo de desemprego é imenso. Por isso as conversas têm sido mantidas em sigilo. Só com a adesão dos 20 clubes é que a greve será deflagrada.  A entrevista coletiva do goleiro da Ponte foi excelente. Mostrou de maneira clara, firme, didática o momento atual do futebol. Pelo ângulo dos jogadores. E a briga com os poderosos presidentes de Federações, CBF, Globo. “É um jogo de xadrez. Você mexe uma peça e espera o outro mexer. Se as pessoas acham que têm o poder, e elas têm, nós também temos. Nós que entramos em campo. Será preciso bater de frente, e nós vamos bater. Do jeito que está, não pode continuar. Se não vai tomar uma proporção que não vamos conseguir controlar. O futebol já está perdendo. Está horrível já. Futebol não é mais espetáculo. “Na nossa função, temos de fazer a sociedade entender que não dá para continuar assim. O cara entrar no meu trabalho e tentar me agredir. Uma senhora que trabalha é agarrada por um cara que tem 10, 15 vezes a força dela. É inadmissível. Aqui, a torcida da Ponte protestou, xingou, beleza, mas não passou disso. A partir do momento que tem violência, é outro nível.”

Sincero, ele deixa claro porque a Ponte ganhou no domingo. Enfrentou o elenco corintiano completamente abalado pela invasão. “O que vi e pude perceber foram atletas abalados. Nós fizemos o gol cedo, três minutos. Eu olhei para eles (atletas do Corinthians) e vi que a carga psicológica era muito alta. Eles empataram. Fizemos o segundo gol. Observei de novo. E o semblante passava a mensagem de que a coisa realmente ia ficar feia. Conversei com o Douglas. Conheço ele desde os tempos do infantil do Criciúma. Ele me falou umas coisas (sobre a invasão ao CT) que são totalmente fora da realidade do futebol, não existe. Ontem, se minha família estivesse aqui, eu falaria para não vir ao estádio, porque, ao meu ver, não era um jogo seguro.”
“Eu e o Paulo André avisamos ao árbitro que, qualquer incidente, tiraríamos os times de campo, mesmo que eu fosse punido, mandado embora depois. Eu estava pronto para qualquer situação. Se acontecesse algo, eu chamaria os meus colegas. Se eles não saíssem, eu saia. Mas também não paralisamos a partida para não sofrer represálias e também, principalmente, porque entendemos que o torcedor de bem poderia ser prejudicado. Por isso que recuamos.”
“Eu, como cidadão, estava com vontade zero de entrar em campo. Tentamos paralisar a rodada, mas não conseguimos. Infelizmente, as pessoas não pensam nas outras. Ficam no ar condicionado e não estão nem aí para o que vai acontecer. Fazem campanhas pela paz, mas, no momento de privilegiar a paz, agem totalmente diferentes.”
Mas as conversas continuaram nesta segunda-feira. Atletas dos 20 clubes foram contatados. A cúpula do Bom Senso quer a certeza de paralisação total.
E ela está sendo articulada. Nunca a greve esteve tão próxima.