JOAQUIM BARBOSA, “O BATMAN BRASILEIRO” GANHA CAPA NA VEJA

 Edição 247: joaquim barbosa, veja, batman

 Joaquim Barbosa chegou lá. Veja que lidera a oposição no Brasil, acaba de lançá-lo à presidência da República com sua capa sobre “o menino pobre que mudou o Brasil”, numa operação editorial semelhante à do “caçador de marajás”. Transformado em herói como o “vingador” que levou o PT à prisão, aplaudido em bares como o Bracarense e chamado de “nosso Batman” nas redes sociais, o ministro do Supremo Tribunal Federal é a alternativa que resta à oposição para tirar o PT do poder. Ele conseguirá?

Chamado de “nosso Batman” nas redes sociais, Joaquim Barbosa é o herói quase perfeito. Talvez, o único capaz de rivalizar com o ex-presidente Lula no que diz respeito às possibilidades de mistificação. Barbosa tem origem tão ou mais humilde do que a do ex-presidente, mas ascendeu graças ao estudo. Graduou-se, fez doutorado fora do País e está prestes a assumir um dos três poderes da República. Um símbolo, portanto, da chamada “meritocracia”, uma palavra tão em voga ultimamente.
No STF, Barbosa agiu de maneira implacável – e ainda que seus métodos e a consistência de seus argumentos sejam questionados, ele é sucesso inegável de público. Nas redes sociais, ele é o “nosso Batman”, super-herói responsável por colocar à beira da prisão aquele que era tido como o “capitão do time” de Lula. E mesmo seus defeitos, como a intolerância e a postura irritadiça diante dos colegas, podem ser tratados como virtudes. No país do homem cordial e conciliador, Barbosa seria o juiz intransigente diante da corrupção. E que costuma ser aplaudido em bares e restaurantes, como o Bracarense, no Rio de Janeiro.
O risco dessa operação editorial, no entanto, é a desmoralização completa do próprio Supremo Tribunal Federal. Se Joaquim Barbosa vier a abraçar um projeto político, o próprio julgamento da Ação Penal 470 poderá vir a ser considerado no futuro como um julgamento político – e não técnico. Aliás, Batman era um justiceiro que agia fora da lei. E por isso mesmo era sempre mandado de volta para a caverna
Para Veja, no entanto, pouco importa. Na sua cruzada contra o PT, o que vale é encontrar o presidenciável que seja capaz de derrotar um projeto político que, até recentemente, era tido como hegemônico. No passado, Veja lançou o “caçador de marajás” e o final da história é conhecido. Agora, acaba de nascer o “caçador de petralhas”.