A ação tramita desde o final de 2011, três anos após a CBF emitir a resolução que proíbe a venda de bebidas alcoólicas nos estádios do país. Segundo Cardoso, a restrição é ilegal. “A CBF editou a resolução número 1 de 2008. Essa resolução proibiu o comércio nos estádios de futebol. Houve uma reforma no Estatuto do Torcedor e, posteriormente, inseriu-se que portar ou comercializar substâncias proibidas acarretaria na retirada do torcedor de dentro de estádio. Acontece que fala em substância proibida e, como todos sabem, a bebida alcoólica não é substância proibida. Não existe uma lei que diz que a cerveja não pode ser comercializada. Você vai no botequim e compra uma cerveja”, argumentou o advogado.
Além da questão jurídica, Cardoso afirma que comprou esta briga por questão de justiça. Na avaliação dele, a restrição não interfere ou barra atitudes violentas daqueles já têm a intenção de causar tumulto. “Eu achei uma injustiça com aquelas pessoas que não tinham nada a ver com os atos de violência que hoje permeiam a sociedade inteira (… ). Então, vamos penalizar a sociedade como um todo porque meia dúzia resolveu brigar no estádio, e acharam uma culpada, que seria a bebida alcoólica”.
O advogado, todavia, reconhece que a bebida pode interferir no comportamento. Ele acredita que se a pessoa for violenta, e tiver propensão para atos violentos, o álcool pode ser um catalisador. Cardoso acredita que no universo das pessoas que frequentam os estádios de futebol, as violentas são minoria.
O G1 tentou entrar em contato com a CBF, por meio da assessoria de imprensa, mas ninguém foi localizado.
Em entrevista à RPC TV, Clóvis Galvão, delegado responsável pela Delegacia Móvel de Atendimento ao Futebol e Eventos (Demafe), de Curitiba, se posicionou contrário a volta da comercialização de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol. “Sou totalmente contra. Isso é um absurdo. Está comprovado estatisticamente que, com a proibição de bebidas alcoólicas nos estádios, o índice de ocorrências de vias de fato, de controle de tumulto, agressões, lesões corporais baixou 60%. Se você libera, vai voltar à tona”.
Os últimos grandes incidentes em estádios de futebol que envolveram times paranaenses foram em 2009, quando torcedores do Coritiba invadiram o campo após a queda da equipe alviverde para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, e a briga entre torcidas do Atlético-PR e Vasco, em Joinvile, na última rodada do Brasileiro de 2013. Galvão destaca que as brigas ocorreram porque já havia uma “razão” – o rebaixamento e a rivalidade entre torcidas. Segundo ele, essas confusões não estavam ligada ao uso de bebidas.