TORCIDA DO BRASIL NO MINEIRÃO TEM MAIORIA BRANCA E RICA, DIZ DATAFOLHA

A percepção de pessoas que defendem que quem vai ao estádio, na Copa do Mundo, é a “elite branca” pode não estar tão errada. Em pesquisa realizada pelo Datafolha no jogo entre Brasil e Chile neste sábado (28), no Mineirão, 67% dos 693 entrevistados se declararam brancos e 90% pertencem às classes A ou B. Os porcentuais diferem do perfil da população brasileira, em que 41% se declaram pardos – contra 24% presente no estádio – e 6% pretos – no país, são 15%. O instituto de pesquisa também mediu a avaliação da presidente Dilma Rousseff, que foi pior do que a média geral. Quem acompanhou o jogo no estádio de Belo Horizonte considera a gestão ruim ou péssima (55%), quando em pesquisa realizada entre brasileiros no início de junho revelou que 38% das pessoas classificam o governo como regular e 33% como ótimo ou bom. Mesmo assim, 61% dos ouvidos na capital mineira disseram não concordar com os xingamentos na abertura do mundial. O torcedor que foi ao estádio também é bastante escolarizado (86% com ensino superior), tem média de 34 anos e é predominantemente masculina (75%). Praticamente metade dos presentes eram mineiros.

MUSSUM TEM SUA HISTÓRIA CONTADA APÓS 20 ANOS DA MORTE PREMATURA

Muitos conheceram o Trapalhão. Mas Antônio Carlos Bernardes Gomes, ou apenas Mussum (1941-1994), era bem mais do que isso. Ele foi sambista de sucesso no grupo Os Originais do Samba, comandou a ala das baianas na Estação Primeira de Mangueira e até serviu a Aeronáutica. Toda essa história é destrinchada na biografia Mussum Forévis – Samba, Mé e Trapalhões (LeYa/R$ 49,90/432 págs.), do jornalista Juliano Barreto, 31. O livro será lançado sábado, no mês de 20 anos da morte de Mussum, que não resistiu a um transplante de coração, em 29 de julho de 1994, em São Paulo. Juliano começa passeando pela difícil infância no Morro da Cachoeirinha, em Lins de Vasconcelos, no Rio. Nessa época, ele comia restos de comida nas casas nas quais sua mãe trabalhava como doméstica. Depois, passou maus bocados no rígido internato Fundação Abrigo Cristo Redentor, onde fez curso de mecânico. Com o que aprendeu, serviu a Aeronáutica até a paixão pelo samba e pela Mangueira falar mais alto.

O Carlinhos do Reco-Reco, como era conhecido até então, comandou a ala das baianas e fez sucesso com os grupos Os Sete Modernos do Samba e Originais do Samba. E era sambista de mão cheia. Fez parcerias com feras como Elis Regina (1945-1982), Jair Rodrigues (1939-2014) e Martinho da Vila. Nos 15 discos, gravou nomes como Baden Powell (1937-2000), Zeca Pagodinho, Adoniran Barbosa (1910-1982), Chico Buarque, Erasmo e Roberto Carlos; e rodou o mundo, fazendo sucesso principalmente no México. Internato “O livro tem algumas curiosidades, como o período que ele estudou num colégio interno rígido. Isso não combina com um cara tão bem humorado como Mussum. Fora esse lado de músico de talento, com carreira de sucesso. O senso comum achava que ele era um humorista que tinha uma banda, mas ele era um músico que relutou muito em ir para a televisão”, pontua o autor Juliano Barreto. A inspiração para escrever a biografia não poderia vir em local mais apropriado já que Mussum adorava um ‘mé’. “Não foi nobre. Foi num boteco. Até por já ter tomado umas cervejas, lembrei do Mussum. A ideia inicial era reunir apenas histórias dele em contos, mas durante a pesquisa vi que a história de vida dele era muito interessante, muito além da televisão”, conta Juliano. O jornalista paulista garante que não houve nenhum tipo de censura da família. “É uma biografia autorizada e a família só vai ler quando o livro sair. Foi uma imposição pro projeto ser lançado. Portanto não houve nenhum tipo de censura, nenhuma interferência. Eu que tive de me censurar para não sair elogios demais”, diz. Trapalhões O que vem em sequência são os capítulos que devem despertar maior interesse do público: os dedicados aos Trapalhões. Já apelidado de Mussum por Grande Otelo (1915-1993), em referência ao peixe escorregadio, fez sua primeira aparição num programa de humor na Escolinha do Professor Raimundo. “Eu brincava de falar assim enrolado. O Chico Anysio que falou pra mim não Mussum, você deve usar mais ‘tranquilis’, o ‘como de fatis’ e ‘não tem problemis’”, disse Mussum, certa feita, em entrevista a Globo. E essas palavras terminadas em ‘is’ viraram sucesso nos Trapalhões e seguem até hoje como memes na internet. Dedé Santana foi quem convidou Mussum para integrar a trupe, que chegaria a ter 80% da audiência aos domingos. Mas Mussum resistia à ideia: “Eu não me acho humorista. Humorista é o Jô Soares, Dedé Santana, Zacarias. Eu sou cômico, sou um caricato”. “Não éramos só colegas, mas amigos de verdade. Nós frequentávamos a casa um do outro e conhecíamos toda a família. Ele já era meu amigo antes dos Trapalhões”, conta Dedé. “O Mussum estava sempre alegre, brincando e dando apelido para as pessoas. Quando me lembro dos apelidos, acho graça até hoje”, diz Dedé, que conta ainda uma curiosidade sobre o amigo. “Ele não podia gravar com cobra, tinha pavor. Aí quando tínhamos de gravar com o bicho de qualquer maneira, era preciso arranjar um dublê ou uma cobra de mentira. Tivemos várias situações em que ele travou completamente, uma delas foi em Marrocos, nós gravamos perto de umas najas e ele não queria mais ficar, estava louco para voltar para o Rio, de tanto medo”, ressalta, entre risos. O grupo estourou não só na TV, mas também no cinema: bateram recordes de bilheteria com 28 filmes e são populares até hoje com vídeos no YouTube. “Eu acho que Os Trapalhões foi uma benção nas nossas vidas. Eu mesmo às vezes fico admirado com as pessoas que me abraçam e se emocionam ao me verem, me param e dizem que são muito fãs até hoje. E o que me admira mais ainda é que ainda hoje as pessoas acompanham e os filhos, que não eram nascidos na época, também conhecem o nosso trabalho. Creio que o Didi também se emocione muito com isso”, afirma Dedé. Por seus maneirismos, talvez, Mussum é o mais cultuado pelas novas gerações. Ganhou memes nas redes sociais, estampa uma linha de camisetas e virou cerveja Biritis, lançada por Sandro Gomes, um de seus cinco filhos. “O Mussum se encaixou bem no formato da internet, de vídeos curtos e jeito fácil de imitar. Tudo que é fácil tem esse efeito viral”, observa Juliano. O autor acredita que apesar dos tempos politicamente corretos, Mussum ainda teria espaço hoje: “Já havia pressão naquela época. Mas as coisas mudaram e hoje racismo é crime e a sociedade não tolera. Mas ele continuaria engraçado e fazendo piadas no limite”.

REI DO CAMAROTE DA COPA GASTA R$ 25 MIL PARA LEVAR ‘MARQUEZINE’ A JOGOS

Em dias de jogos do Brasil na Copa do Mundo, Roberto Kataoka é a atração por onde passa. No caminho para os estádios que recebem jogos da seleção brasileira, ele não consegue dar cinco passos sem ser assediado. Sorridente, posa para fotos, conta histórias e vira a atração entre os torcedores. Tudo por conta de uma “mulher” de 1,70m que carrega ao seu lado para cima e para baixo: a sua Bruna Marquezine.

Com uma imagem da atriz global impressa em tamanho real numa placa de PVC, o empresário de 23 anos já levou sua Marquezine a dois jogos e promete marcar presença na semifinal e na decisão da Copa.
E, ao contrário da Bruna “original”, a dupla não quer saber de ficar na arquibancada misturado com torcedores comuns. O assediado torcedor só gosta de levar sua companheira para o camarote.
Com ingressos que custaram R$ 5.500 por jogo, ele é atração nas chamadas áreas de hospitalidade dos estádios – locais com entrada especial, buffet e bebidas (nacionais e importadas) liberados, além de uma localização privilegiada.
Foi assim no último sábado, no jogo que garantiu ao Brasil a vaga nas quartas de finais – vitória sobre o Chile por 3 a 2 nos pênaltis. Kataoka e sua Marquezine desfilaram pelos arredores do Mineirão e nos corredores mais vips do estádio.
No total, o empresário paraense gastou R$ 22 mil em ingressos. Além de cerca de mais três mil reais com passagens e hospedagens. A confecção de sua Bruna Marquezine acabou pesando pouco no orçamento: R$ 200.
“Não acho tão caro. A festa vale isso. Copa é um momento importante e posso usar esse dinheiro tranquilamente”, disse o empresário, explicando ainda de onde vem sua renda.
“Sou o magnata do aço de Belém. É mais fácil falar assim, todos me conhecem. Tenho uma empresa lá no Pará e minha família trabalha com isso há quase 30 anos”, completou.
Sem pudor para falar de dinheiro, rendimentos e gastos, Kataoka também não diminui o tom ao brincar com o verdadeiro dono de Bruna Marquezine.
“Já que o Neymar não cuida da menina, eu vou ajudar nesse período da Copa do Mundo. É melhor para ela não ficar abandonada. Todo mundo quer pegar, tirar foto, mas eu cuido bem”, provocou.

IMPRENSA ITALIANA EXALTA JÚLIO CESAR. ESPANHÓIS FALAM EM ‘SORTE DE CAMPEÃO’

A classificação suada do Brasil para as quartas de final da Copa do Mundo, que só veio na decisão por pênaltis contra o Chile, foi destaque nos principais jornais internacionais neste domingo. Na Itália, a imprensa exaltou o goleiro Júlio Cesar, que já passou pela Inter de Milão, e foi o destaque da vitória brasileira após defender dois pênaltis.
O La Gazzetta dello Sport destacou o “pânico” do Brasil e tratou o goleiro como um imperador após as defesas heroicas. “Ave Cesar”, estampou a publicação em sua edição de domingo. O Corriere dello Sport disse que “Júlio Cesar muda a história”. O Tuttosport chamou o goleiro de “herói do Brasil”.

Na Espanha, a classificação brasileira foi tratada mais como algo sobrenatural do que pela atuação de um jogador em especial. “Deus escutou o Brasil”, proclamou o jornal Marca. “O ‘Maracanazo’ ficou a 11 metros”, em referência às cobranças de pênaltis.
O também espanhol Sport, da Catalunha, trouxe como destaque uma foto de Neymar chorando após a vitória nas penalidades e estampou: “Sorte de Campeão”. O sofrimento brasileiro foi destaque ainda em outro diário catalão, o Mundo Deportivo.
Na Argentina, o diário Olé! não perdeu a chance de tripudiar sobre a vaga conquistada com muita dificuldade. “Ganaron por pañales”. “Pañales”, em espanhol, significa fralda. Além do trocadilho com “penales”, que significam “pênaltis”, o jornal argentino deu a entender que o medo da derrota fez com que os brasileiros precisassem de fraldas durante o jogo.
O português A Bola lembrou as classificações de Felipão com a seleção de Portugal na Euro de 2004 e na Copa do Mundo de 2006, quando o país disputou em várias oportunidades nos pênaltis para ficar com as vagas. “Scolari ganha à portuguesa”, destacou o jornal.

RIVAIS NAS QUARTAS, BRASIL E COLÔMBIA SÃO SEPARADOS POR R$ 730 MILHÕES

De um lado, o Brasil, considerado um dos grandes favoritos ao título da Copa e que tem em Neymar a sua principal estrela. Do outro, a Colômbia, uma surpresa e que tem em James Rodríguez seu grande craque. Rivais em duelo válido pelas quartas de final na próxima sexta-feira, no estádio Castelão, em Fortaleza, as duas equipes vivem momentos parecidos dentro das quatro linhas. Ambas ficaram em primeiro na fase de classificação e avançaram no primeiro duelo eliminatório. Mas, ao analisarmos o lado financeiro, existe uma grande diferença entre os rivais sul-americanos.
Segundo o conceituado site “transfermarket”, a seleção brasileira é a de segundo maior valor da Copa do Mundo: € 415 milhões (R$ 1,23 bilhão). A Colômbia, segunda colocada nas Eliminatórias, vale apenas 40% do Brasil: € 168 milhões (R$ 500 milhões). Ao analisarmos os principais jogadores, a diferença também impressiona.

NEYMAR SE MACHUCA E PODE FICAR DE FORA DAS QUARTAS DE FINAL

O técnico Luiz Felipe Scolari admitiu estar aliviado após a sofrida derrota para o Chile, no último sábado (28), que garantiu ao Brasil uma vaga nas quartas de final da Copa do Mundo. Embora esteja mais tranquilo, o comandante da seleção anfitriã do Mundial ganhou um enorme problema. Com um inchaço na coxa, Neymar preocupa e pode ficar de fora da próxima partida. Durante coletiva, Felipão admitiu estar muito preocupado com a situação do jogador, que é considerado um dos melhores da seleção verde e amarela. “Neymar fez um esforço muito grande. Vai ficar com a coxa inchada por alguns dias e talvez estejamos com um problema grande para o próximo jogo. Ele ficou quase o jogo todo com uma pancada na coxa muito forte.

A perna está deste tamanho! Conseguiu jogar porque adora o que faz. Joga por amor à profissão, esquece que é Copa do Mundo e faz isso com naturalidade”, explicou. Pelas quartas de final o Brasil enfrentará a Colômbia, que derrotou o Uruguai por 2 a 0. O duelo que garantirá vaga na semifinal acontece nesta próxima sexta-feira, às 17 horas, no Castelão, em Fortaleza.

PSB OFICIALIZA A CANDIDATURA DE CAMPOS PARA O PALÁCIO DO PLANALTO

O Partido Socialista Brasileiro (PSB) oficializou neste sábado (28), durante convenção nacional, em Brasília, a candidatura do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos à Presidência da República na eleição deste ano. A legenda também chancelou a indicação da ex-senadora Marina Silva (AC) para a vaga de vice na chapa. O evento partidário ocorreu a dois dias da data-limite para a realização das convenções que irão confirmar os candidatos para a disputa eleitoral de outubro. No mesmo ato que lançou a candidatura de Campos, também foi confirmada a coligação “Unidos pelo Brasil”, aliança entre PSB, PPS, PPL, PRP e PHS. Em uma votação simbólica, os delegados da coligação de apoio à chapa formada por Campos e Marina ergueram as mãos para confirmar que aprovavam a aliança. No seu primeiro discurso como candidato oficial do PSB à Presidência, Eduardo Campos voltou a fazer duras críticas ao atual modelo político e à gestão Dilma Rousseff. Ao longo dos 21 minutos de discurso, ele se apresentou como uma via alternativa à polarização entre PT e PSDB. O antigo aliado do PT criticou a condução da economia brasileira, a coalizão de partidos que governa o país e ironizou boatos de que há risco de o programa Bolsa Família ser extinto caso a oposição vença a eleição presidencial. (Globo)

CORPO DE DONA DE CASA É ACHADO EM CACHOEIRA APÓS SUMIÇO COM 2 FILHOS

O corpo de uma dona de casa de 25 anos, que estava desaparecida desde a quarta-feira (25), foi localizado em uma cachoeira conhecida como “Acaba Vida”, em Barreiras, região oeste da Bahia. Rita de Cássia Rodrigues morava na cidade de Luís Eduardo Magalhães e foi vista pela última vez com os filhos de seis anos e seis meses de vida na cachoeira que fica na cidade vizinha. O corpo dela foi localizado no fim da tarde de sexta-feira (27) e as crianças permaneciam desaparecidas até o final da tarde deste sábado (28). Na quarta-feira, Rita teria saído de casa para buscar remédios e não retornou. Segundo familiares, a dona de casa sofria de depressão. Parentes começaram as buscas na cachoeira durante a tarde de sexta-feira. Eles seguiram por uma trilha e após descerem por cerca de 50 metros, encontraram pertences da mulher e objetos das crianças. O corpo de Rita de Cássia estava preso a um galho de árvore. Neste sábado, uma equipe do Corpo de Bombeiros esteve no local para realizar novas buscas. O corpo de Rita de Cássia foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Barreiras e liberado para sepultamento. (TV Bahia

O FANTASMA SAI DE CENA: COLÔMBIA BATE URUGUAI E AGORA PEGA O BRASIL

No Maracanã o fantasma nasceu, no Maracanã o fantasma se despediu. Graças à melhor Colômbia que já pisou as chuteiras em uma Copa do Mundo, não acontecerá a tão esperada revanche da final da Copa do Mundo de 1950. É a talentosa seleção comandada pelo craque James Rodriguez, dono da vitória de 2 a 0 neste sábado, quem desafiará o Brasil nas quartas de final do Mundial. E o fantasma sai de cena – o Uruguai está fora da Copa.
A assombração agora é outra. A mística uruguaia, com as lembranças de 64 anos atrás, dá lugar à exuberância da seleção cafeteira. A Colômbia jamais havia passado das oitavas de final em uma Copa do Mundo. Pois agora passou com sobras: tem 100% de aproveitamento, 11 gols marcados, apenas dois sofridos e uma campanha superior à do Brasil – que precisou recorrer aos pênaltis para eliminar o Chile. E tem James Rodriguez…


O camisa 10, melhor jogador da primeira fase para a Fifa, fez um golaço para ser cristalizado nas retinas colombianas. Matou no peito e, sem deixar a bola cair, abriu o placar da vitória – complementada por ele próprio no segundo tempo. O Uruguai, valente como sempre, abastecido de indignação pela suspensão aplicada a Luis Suárez, teve força para encarar o adversário. Mas não teve futebol. A equipe de José Pekerman é bastante melhor.
Sexta-feira, dia 4 de julho, às 17h, Brasil e Colômbia se enfrentam o Castelão, em Fortaleza. O vencedor estará nas semifinais.

Quando a bola começou a rolar no Maracanã, na despedida da tarde carioca, dois sentimentos saíam de cada canto do estádio e eram tão firmes, tão presentes, que quase deixavam de ser abstrações para se tornar sólidos – objetos que podem ser tocados. A raiva dos uruguaios estava presente em cada semblante, em cada máscara de Suárez a ornamentar um rosto, em cada faixa expelindo indignações contra a punição que alijou o atacante da Copa. E era proporcional ao surto de euforia dos colombianos, em êxtase com uma seleção que lhes permite sonhar um sonho outrora utópico.
A presença de dois estados de espírito tão opostos deixou o jogo tenso em campo e fora dele. Enquanto os atletas discutiam, dividiam cada bola com um pouco mais de força (especialmente os uruguaios), torcedores se desafiavam nas cadeiras, xingavam uns aos outros (especialmente os uruguaios).
No gramado, o que se viu foi uma Colômbia muito mais talentosa e um Uruguai além de seus próprios limites de obstinação – algo que poderia parecer impossível para uma equipe que tem a garra tatuada na alma desde que o mundo é mundo. Só que a diferença pró Colômbia no primeiro quesito é maior do que a diferença pró-Uruguai no segundo. Não por acaso, o time de José Pekerman, na bola, na qualidade, pulou na frente na etapa inicial.
E foi justo. A Colômbia propôs o jogo, se mostrou mais veloz, usou melhor os lados. E tem um diamante em campo com a camisa 10. Aos 27 minutos, a bola pareceu se teleguiar até o peito de James Rodriguez. Ele a aninhou no corpo e, na queda, já emendou de canhota. O toque no travessão foi o último ato antes do grito de gol. De golaço. De enorme golaço.
A Colômbia teve 63% de posse, mais saídas para o ataque e mais do que o dobro de tentativas de gol do que o Uruguai no primeiro tempo. Mas sua superioridade não a deixou imune a ataques celestes. Cavani, de falta, quase empatou. E depois, pelo alto, não desviou de cabeça por detalhes – seria fatal a conclusão.

O começo do segundo tempo ainda não estava munido de definições. Afinal, era o Uruguai do outro lado: tudo poderia acontecer. Mas não demorou para o fantasma sair de cena. Aos quatro minutos, a Colômbia trocou passes de pé em pé. Armero, da esquerda, mandou na cabeça de Cuadrado, que deixou a bola redonda (com o perdão do trocadilho) para James Rodriguez completar para a rede: 2 a 0, quinto gol do camisa 10 na Copa.
O Uruguai fez o que podia para reagir. Óscar Tabárez tirou Forlán (uma triste versão do craque do Mundial de 2010) e Álvaro Pereira para colocar Stuani e Gastón Ramírez. A seleção celeste até criou algumas chances, geralmente com Cavani, mas jamais deu pinta de que poderia virar o jogo – até porque o goleiro Ospina foi infalível. Com o passar do tempo, o time charrua ainda se tornou excessivamente viril – como em pancada de Ramírez em Armero.
Enquanto isso, a parte brasileira da torcida passou a gritar “eliminado” para o Uruguai e a avisar aos próximos adversários: “Colômbia, pode esperar, a tua hora vai chegar”. Mas eles pouco ligaram. Responderam cantando: “Se vive, se sente, Colômbia está presente”.
E está mesmo. Como jamais esteve.
Torcedor vestido de fantasma de 50 com dentes do "vampiro Suárez" (Foto: Gettyimages)Torcedor uruguaio vestido de fantasma e com dentes da mordida de Suárez (Foto: Gettyimages)

CORNETA, SOFRIMENTO E EUFORIA. GALVÃO TEM NARRAÇÃO DIVIDIDA EM 3 FASES

O narrador Galvão Bueno viveu três fases durante os 120 minutos das oitavas de final da Copa do Mundo, quando o Brasil venceu o Chile nos pênaltis após empate por 1 a 1. Primeiro, ele cornetou a arbitragem, depois, sofreu com o empate e, por último, ele foi ao delírio com a classificação.
A corneta começou com a queda de Hulk na área. Tanto Galvão como Arnaldo cravaram que o atacante brasileiro foi derrubado e que Howard Webb deveria ter marcado pênalti.
No entanto, o auge das reclamações com o juiz aconteceu no segundo tempo. Após Hulk dominar a bola no braço e fazer o gol, a arbitragem anulou o lance. Galvão reclamou que a bola acertou o ombro, a manga da camisa, e não teria tocado na mão do jogador.

Depois de um choque entre Daniel Alves e Pinilla, já na prorrogação, o narrador voltou a criticar o juiz. “Arnaldo, é uma péssima arbitragem de um juiz da final da Copa do Mundo. Péssimo Howard Webb”, disse.
Webb foi esquecido com a possibilidade dos chilenos virarem a partida contra o Brasil. “Fecha, fecha, fecha”, narrou o locutor em um lance de perigo da seleção do Chile.
Ao começar o segundo tempo da prorrogação, Galvão soltou seu tradicional bordão para momentos de tensão: “prepare seu coração!”, anunciou. “O jogo é nervoso, o jogo é dramático”, disse já com a bola rolando.
No final da prorrogação, o nervosismo do narrador se transformou em uma bronca. “Thiago, não é o momento de baixar a cabeça. É o momento de mostrar firmeza!”, reclamou, ao ver o capitão brasileiro sendo consolado por Paulinho.
A empolgação começou a tomar conta quando Júlio César defendeu os dois primeiros pênaltis.  “O Júlio fez o gol dele na Copa do Mundo”, falou após a primeira batida.  “É Júlio! É Júlio! É Júlio! É Júlio César do Brasil! Se agiganta Júlio César, que espetáculo!”, repetiu.
Após a conquista da vaga, ficou evidente a euforia de Galvão, que chegou a perder sua voz rouca na comemoração. “O Brasil vai para Fortaleza! Vamos todos para Fortaleza! Que todo mundo beije Júlio César! Com Colômbia, com Uruguai, venha quem vier!”, gritou.
“A voz faltou porque me emocionei”, admitiu na sequência. “Quando o Jefferson e o Victor foram abraçar o Júlio César (fica em silêncio por alguns segundos). O Victor deu uma medalhinha que ele usou na Libertadores, quando defendeu os pênaltis no Atlético-MG. Nesta hora vale tudo”, completou.
“Eu tenho dez Copas do Mundo narrando, esses caras (Ronaldo e Casagrande) tem Copa do Mundo jogando, o Arnaldo apitou final de Copa do Mundo… Mas eu vou dizer uma coisa… Pode chorar, pode fazer o que quiser. O Ronaldo desabou! Que tenha sido hoje Casa… Olha os olhos do Casa!”, relatou Galvão Bueno, desconcertado.