PODER DE CONSUMO DOS MORADORES DE FAVELA NO PAÍS CHEGA A R$ 56 BI POR ANO

Os moradores das favelas brasileiras consomem cerca de R$ 56 bilhões por ano, o que equivale ao Produto Interno Bruto (PIB) da vizinha Bolívia. A constatação é de pesquisa realizada pelo instituto Data Popular, em parceria com a Central Única de Favelas (Cufa) divulgada hoje (20). De acordo com o estudo, feito a partir de entrevistas e do cruzamento de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) com os da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), o consumo popular triplicou nos últimos dez anos. No entanto, apesar do enorme potencial de consumo de uma população de cerca de 12 milhões de habitantes, esse nicho de mercado ainda é pouco explorado devido ao preconceito, segundo o diretor do Data Popular, Renato Meirelles. “O morador de favela não quer sair da favela, ele quer capitalizar isso nas marcas que ele usa.

Esse era um mercado invisível, pois estava debaixo dos nossos narizes, mas as pessoas só enxergavam a favela pela ótica da violência e do tráfico”, disse Meirelles. Segundo ele, dois terços dos moradores de favelas do país pertencem à metade mais rica do mundo.

A pesquisa revela que a classe C cresceu muito mais nas comunidades das metrópoles do que no interior do país, com alta de quase 50% na última década (de 45% para 66%), assim como a média de escolaridade, que subiu de quatro para seis anos no mesmo período. O dono da empresa Vai Voando, Tomas Rabe, é um dos empresários que apostou no consumidor de baixa renda e hoje não se arrepende. Com cerca de 70 lojas de vendas de passagens áreas somente em favelas, sobretudo do Rio e São Paulo, a empresa, criada há pouco mais de dois anos, tem planos de abrir mais 50 lojas este ano, apenas no Rio de Janeiro.