PROSTITUTA FORMADA EM LETRAS VAI LANÇAR LIVRO QUE PODE VIRAR FILME E PEÇA DE TEATRO

Embora ela não goste de ser comparada com Bruna Surfistinha, é difícil não pensar na prostituta que teve sua história retratada no cinema ao ouvir o relato de Lola Benvenutti, pseudônimo de Gabriela Natalia Silva. A paulista de 22 anos lança, no próximo dia 11, o livro “O prazer é todo nosso” (Editora Mosarte), sobre suas experiências como garota de programa. Ela ainda garante que adaptações da obra para um longa-metragem e uma peça de teatro estão no horizonte, mas se recusa a aceitar que tudo isso faça dela uma sucessora da profissional do sexo vivida por Deborah Secco nas telonas.


São trajetórias diferentes. A Bruna se revoltou contra os pais, saiu de casa e, sem ter como se sustentar, recorreu à prostituição e entrou no mundo das drogas — explica Lola. — Eu não passei por traumas, fiz faculdade, tive opções, mas escolhi me prostituir. Prefiro ser comparada a Gabriela Leite (prostituta morta ano passado, que lutou pela regulamentação da profissão e fundou a grife Daspu e a ONG Davida).
A garota de programa se destacou na mídia por ser formada em Letras. Completou o curso da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), mas deixou de lado a carreira de professora para se dedicar à prostituição (ela desconversa quando perguntada se a questão monetária pesou na decisão). Assim como Bruna, Lola mantém um blog no qual defende a regulamentação da prostituição e conta experiências com clientes. São cerca de 30 mil acessos por dia. A moça conta que o objetivo do seu livro é derrubar estereótipos que envolvem as profissionais do sexo, comumente associadas a histórias de violência e preconceito.
— Não vejo as prostitutas como vítimas, sofredoras. Meu livro não tem esse tom dramático. É um convite para as pessoas viverem suas fantasias e dialogarem sobre sexo.