SALVADOR: JUIZADO PROCURA PARENTES DE BEBÊ ABANDONADO DENTRO DE SACO PLÁSTICO

O juizado da Infância e da Juventude está à procura dos parentes de um bebê abandonado logo depois de nascer e que hoje está com sete meses de idade. O menino, que vive em um abrigo de Salvador, recebeu o nome de Paulo Ricardo no hospital para onde foi levado em março deste ano, quando duas senhoras o encontraram dentro de uma sacola plástica ainda com o cordão umbilical, perto da Estação da Lapa. 

A 1° Vara da Infância e da Juventude decidiu divulgar a imagem de Paulo Ricardo na tentativa de localizar algum parente ou até mesmo a mãe do bebê. Caso isso não aconteça, ele continua no abrigo disponível para adoção.De acordo com Walter Ribeiro Costa Junior, juiz 1ª Vara da Infância e Juventude, o juizado vai aguardar o tempo da notícia para a família aparecer. “O tempo já decorrido faz com que essa criança já seja possível de ser disponibilizada para adoção de imediato. Entretanto, considerando que a lei estabelece, no sentido de preservação dos vínculos dos familiares do vínculo natural, nós estamos na tentativa de que alguém, pelas características físicas, possa identificar quem é essa criança”.Assim como Paulo Ricardo, 10 crianças com idades entre zero e três anos, foram abandonadas este ano na capital. No ano passado, foram 15. 

Hoje, nos abrigos de Salvador, 51 crianças estão disponíveis para adoção. Em média, uma criança é abandonada por mês nas ruas ou nas instituições da capital. Já o número de pessoas habilitadas para adotar é bem maior: 225. O problema é que a maioria delas tem preferência por crianças com perfil diferente da realidade.
Ainda de acordo com o juiz Walter Ribeiro Costa Junior, no momento da adoção, as meninas brancas têm prioridade. “A preferência é em crianças do sexo feminino, até dois anos, e é considerada menina branca. E essa não é a realidade de Salvador. O que nós temos são meninos, acima de cinco anos, afrodescendentes, grupos de irmãos, tudo isso faz com que haja na mentalidade cultural um certo preconceito da população em querer adotar” afirma.