Editorial, Funk ostentação: uma influência negativa ou positiva para os jovens?

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Do Ptn news.

O surgimento (em fins dos anos 1980) o Funk era encarado pelos setores privilegiados da sociedade de forma preconceituosa que contribuía para a criminalização de seus apreciadores, os funkeiros. O novo estilo musical chamado de Funk ostentação, estourou com tamanha força na Baixada Santista que os estilos pancadão e proibidão, que traziam apelos ao sexo vulgar e ao uso de drogas, influenciados pelo Miami bass e pelo rap americano, foram praticamente extintos dos balés.

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A criação de bondes de Funk ostentação com patrocínio de bailes para atrair a garotada, teve como precursor do movimento,  MC Bio G3, criador do Bonde do JUJU, com 1 milhão de visualizações no  YouTube, apesar do vídeo caseiro O novo funk traz a exibição de marcas antes vistas apenas nos guarda-roupas da classe alta:  Lacoste, Louis Vitton, Christian Audigier, Nike etc.

O que se pode questionar é, se na verdade estamos querendo não nos livrar da música, mas esconder as pessoas que dão origem a ela? O entendimento dessa questão não é simples, pois as autoridades do combate as drogas e tráficos afirmam que os jovens são cooptados pelo desejo de consumir o supérfluo, que são ostentados nas letras do Funk ostentação, enquanto socialistas afirmam que se trata de um extermínio da classe baixa e de sua cultura.

O Funk ostentação revela a ânsia das classes mais baixas de se sentir próxima, ainda que simbolicamente, do estilo de vida que sempre lhe foi vendido como ideal, mas que sempre lhe foi negado. Por isso o sucesso desse ritmo entre os jovens da classe baixa. Sob o efeito das propagandas agressivas, a possibilidade de realizar os sonhos e de ter acesso aos mesmos bens materiais que a classe média alta tradicional já ostentava, fizeram com que os jovens da classe trabalhadora tivessem acesso às novas tecnologias, serviços e a bens de consumos que antes lhes eram impossíveis.

Não restam dúvidas de que essa exaltação do consumo vista nos Funk ostentação contribui para a fetichização de marcas, grifes e, como consequência disso, para a reprodução da lógica de funcionamento do sistema capitalista que vivemos. Nos perguntamos o que afinal essas musicas querem dizer? Até que ponto elas influenciam no comportamento dos nossos jovens?

Não podemos ignorar mais esse estilo musical, pois corremos o risco de aceitar como natural a reprodução da ideologia consumista propagada pelas suas letras. No entanto não podemos esquecer ou fazer vistas grosas, para o preconceito, contradições sociais e as várias formas de opressão que estas letras retratam.

O Funk reflete aquilo que está presente em todas as nossas relações sociais, na luta conta hegemonia da classe dominante, o combate a repressão dos aparelhos ideológicos do Estado sobre a classe pobre.

Trata-se de um grito por liberdade e direitos de igualdade, daqueles que vivem a margem da sociedade na mais perversa invisibilidade.

Andréa Luz.